Entre a razão e a emoção não há vencedores.
Qualquer experiência toca inevitavelmente nas duas partes e estar realmente na vida exige estar com os interruptores ligados.
Lia noutro dia, no livro "Talvez devesses falar com alguém" de Lori Gottlieb, que "as pessoas tendem a confundir sentir-se melhor com sentir menos". Diria também que algumas tendem a confundir sentir-se melhor com não sentir. Ainda vou descobrindo em algumas pessoas esse desejo camuflado - compreensível muitas vezes pelo sofrimento que estão a viver.
Mas talvez o sofrimento seja ainda maior pela frustração de não conseguir não sentir. É uma batalha dura e humanamente invencível.
Mas então, se não estivéssemos nessa batalha, estaríamos a viver o que? Estaríamos talvez naquilo que precisa de ser sentido, com sofrimento, mas de uma forma mais livre para o fazer. Desconfio que estaríamos também mais disponíveis a sentir outras coisas. Aquelas coisas que, na verdade, não queremos desligar quando surge o desejo de não sentir.
É que se não sentíssemos não era de alívio que seriamos feitos, mas sim de entorpecimento e vazio.
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